Segundo dados do último Censo da Educação Básica do Inep/MEC de 2021, há no Brasil 7.770.557 alunos matriculados no Ensino Médio . No entanto, apesar de terem vínculo formal com uma instituição de ensino, nem todos aparecem em sala de aula. Em 2020, por exemplo, o percentual de estudantes que abandonaram instituições foi de 2,3%, enquanto que, em 2021, a taxa foi de 5,6%. O índice, dessa maneira, pode não assustar, mas é preciso considerar que podemos ter cerca de até 400 mil alunos fora das escolas.
Para além do universo dos dados já sistematizado, há que se levar em conta a visão de professores quanto ao desinteresse dos alunos e a falta de conexão dos jovens com o ambiente da escola, uma realidade tida por muitos como preocupante e também a estrutura oferecida atualmente, que não há foco na preparação do aluno para o mercado profissional e no desenvolvimento de habilidades para a vida em sociedade. Tendo isso em vista, surgiu a motivação para que a Lei nº 13.415/2017 alterasse a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabelecesse uma mudança na estrutura do Ensino Médio. Os desafios para a nova configuração são muitos em um país como o Brasil. Para se ter ideia, segundo estimativa elaborada em 2018 pelo movimento Todos Pela Educação, quatro em cada dez jovens brasileiros de 19 anos não completaram o Ensino Médio, um aspecto alarmante e que deve ser repensado rapidamente.
Já em 2022 os alunos do primeiro ano do Ensino Médio foram expostos às mudanças do Novo Ensino Médio. Para 2023, a mudança terá como foco o segundo ano e em 2024 o terceiro. Mas afinal, o que está em pauta nessa que pode ser tida como mais uma etapa de evolução do sistema de ensino em nosso país?
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Até então, o Ensino Médio era organizado em um modelo único para todos os alunos: havia 11 disciplinas e todas eram lecionadas para todos. Agora, com essa nova proposta, os componetes curriculares serão organizadas em quatro áreas de conhecimento, que você conhece a seguir:
● Linguagens e suas tecnologias
● Ciências da natureza e suas tecnologias
● Ciências humanas e sociais aplicadas
● Matemática e suas tecnologias
Com o surgimento dos itinerários, o ensino passa a ter características diferentes para abarcar as especificidades de cada área do conhecimento. Em outras palavras, com essa nova estrutura, 60% da carga horária continua a ser comum para todos os alunos, proporcionando competências básicas para todos. Em complemento, os 40% estarão diretamente relacionados à escolha individual de cada estudante no que será conhecido como itinerários formativos.
Basicamente, com esta mudança, o Ensino Médio passará de 2.400 horas para 3.000 horas (1.000 horas em cada série), onde até 1.800 horas são destinadas à Formação Geral Básica (comum entre todos os alunos) e no mínimo 1.200 horas devem ser destinadas aos Itinerários Formativos.
ITINERÁRIOS FORMATIVOS
Mais uma expressão que fará parte do nosso dia a dia! Como falamos anteriormente, os itinerários formativos irão compor 40% da grade curricular dos alunos,ou seja, os estudantes cursaram 1.200 horas ao longo das 3 séries, possibilitando que eles estudem áreas de conhecimento que tenham a ver com seus próprios interesses já de olho no futuro.
As opções de escolha vão além dos quatro grupos apresentados acima, abrangendo, também os cursos técnicos ou modelos integrados, que unem mais de uma área. No fim do dia, tudo dependerá da organização adotada por cada instituição. Ao que tudo indica, escolas menores por exemplo, oferecerão, provavelmente, o mínimo de dois itinerários formativos para escolha dos estudantes.
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS
Nos três anos de Ensino Médio, somente matemática e língua portuguesa serão componentes obrigatórios , além do inglês, sendo a língua adicional obrigatória.
PROJETO DE VIDA
Pensando no futuro dos adolescentes, os alunos terão a oportunidade de conversar sobre seus objetivos com os professores por meio do Projeto de Vida, que tem como proposta auxiliar os estudantes no delicado processo de desenvolvimento para que consigam alcançar seus propósitos pessoais e profissionais. De alguma maneira, a decisão sobre carreira e vida profissional, anteriormente mais ligada à etapa do vestibular, será muito mais enfatizada neste novo sistema. Porém, essa reflexão de autoconhecimento deve ser promovida durante toda trajetória escolar. O Ensino Médio, então, passa a ser um momento mais decisivo para a jornada estudantil de cada um.