Se você pudesse prever o futuro, faria uso desse poder ou ficaria sem antevê-lo? Muitas pessoas gostariam de saber exatamente como o amanhã será para então poderem se preparar e, desta forma, viverem sem surpresas. Por outro lado, há quem sente receio de pensar o que pode acontecer, deixando que o acaso faça o seu trabalho e ofereça possibilidades até então não pensadas. Para educadores, imaginar e se preparar para o futuro acaba não sendo uma atitude opcional, pois é algo que se vivencia na prática: com crianças e jovens se transformando a cada dia, o amanhã vai chegando rapidamente, e quem está alinhado às novidades acaba fruindo a vida de forma bem-sucedida, com grandes possibilidades de contribuir positivamente para o mundo.
Esta temática pode ser debatida de um ponto de vista bastante filosófico e é abordada por teóricos, cientistas e até mesmo em campos como a arte e outras formas de expressão de cultura. O cinema e a literatura, por exemplo, tratam este assunto com genialidade e, muitas vezes, ficamos perplexos em ver como uma obra de ficção do passado mostra com bastante acuidade o que está ocorrendo no presente.
Um exemplo clássico de previsão do futuro é o desenho animado Jetsons, que teve seu primeiro episódio lançado em 1962 e mostra como a vida seria no futuro: existem robôs para fazer a limpeza – similares aos atuais robôs aspiradores de pó; reuniões são realizadas a distância – como hoje, em que temos muitos encontros com o suporte de aplicativos de chamada; a jornada de trabalho é reduzida para um número menor de dias trabalhados por semana – tendência que vem sendo adotada por diversas empresas contemporâneas; muitas telas são usadas a todo momento – a realidade vigente, certo?
Outro aspecto que estes produtos ficcionais oferecem é o lado subjetivo do futuro, isto é, mostram como são as relações interpessoais, quais são os desafios enfrentados no âmbito dos recursos naturais. Quase sempre há uma discussão sobre os valores e crenças de cada Era, bem como sobre os comportamentos correntes. Há quem explore os próximos hábitos de consumo e os elementos que definirão a chamada “vida cotidiana”.
Nesse sentido, a educação entra com bastante peso e é o tema que escolhemos para discutir nesse artigo: a educação possui papel fundamental no futuro e precisa estar preparada para corroborar com todos estes fatores, nas formas práticas ou teóricas, para, assim, caminhar conjuntamente na velocidade e na complexidade das transformações vivenciadas dia após dia por toda a sociedade. Em resumo, é nossa busca contribuir para que o futuro seja desejável, possível e saudável – em todas as dimensões da saúde humana, indo muito além do aspecto físico.
Educar para o futuro é uma tarefa desafiadora, mas crucial para preparar as gerações mais jovens para enfrentarem os desafios do mundo. É preciso ir além do ensino de habilidades técnicas e do conhecimento teórico: é necessário desenvolver habilidades socioemocionais, promover a criatividade e a inovação, incentivar a colaboração e a comunicação, e estimular a resolução de problemas complexos. Vamos explorar esses aspectos?
Aprendizagem contínua
Aprender sempre! Esta é uma das principais habilidades necessárias da educação para o futuro. As informações e tecnologias evoluem rapidamente e aqueles que se adaptam e aprendem constantemente serão capazes de se manter relevantes no mercado de trabalho e na sociedade. As ferramentas de inteligência artificial e até mesmo hábitos digitais e redes sociais contribuem para que os processos de ensino-aprendizagem sejam cada vez mais customizados. Isto é, cada estudante tem a possibilidade de ter um ensino personalizado, de acordo com suas próprias características, dificuldades e aptidões. Sendo assim, a educação deve enfatizar o desenvolvimento de habilidades de aprendizado autônomo, como por exemplo a curiosidade, a reflexão e a capacidade de buscar e avaliar informações.
Criatividade e Inovação
Soluções criativas, fora do convencional, e a capacidade de pensar de forma original será uma vantagem para os estudantes. Cabe ao professor ouvir, fomentar pensamentos e validá-los, para construir conhecimentos de forma conjunta. A educação deve permitir que os alunos experimentem, criem e arrisquem-se para desenvolver novas ideias e soluções, trabalhando diferentes possibilidades de compreensão e raciocínio. Portanto, uma dica é adotar diferentes abordagens de metodologias ativas, tendência dos processos de ensino-aprendizagem que compactua com a postura autônoma e protagonista. Rotação por estações, sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos e em problemas são algumas formas de aplicar este tipo de metodologia que trabalha de maneira a propiciar espaços para que alunos sejam os autores da própria aprendizagem, com uma postura ativa.
Colaboração e Comunicação
Outra habilidade fundamental para educar para o futuro é a colaboração e a comunicação. A capacidade de trabalhar em equipe, comunicar ideias e se relacionar com pessoas de diferentes origens culturais e linguísticas será essencial no mundo cada vez mais globalizado e interconectado. Vale lembrar que os currículos escolares estão cada vez mais flexíveis e interdisciplinares, o que contribui para que os estudantes possam trabalhar os seus projetos de vida de forma integral e colaborativa, sendo fundamental que saibam se expressar e dividir seus sonhos e objetivos, não só para professores tutores, mas para outros pares, que podem contribuir para que essas metas sejam atingidas. Assim, os conteúdos apresentados pela escola, cada vez mais ganham novos sentidos e despertam o interesse e aprofundamento pelos alunos. Sendo assim, a educação deve incentivar a colaboração em projetos e trabalhos em grupo, além de promover a comunicação efetiva e afetiva em diferentes meios e contextos: os estudantes têm a possibilidade de reconhecer potencialidades individuais e dos seus colegas e aproveitá-las de forma a contribuírem para os processos de ensino-aprendizagem.
Pensamento crítico e de diversidade e inclusão
A educação deve incentivar a resolução de problemas complexos. Os estudantes devem ser desafiados a resolver situações que não possuem soluções óbvias nem tão pouco fáceis demais. Os alunos devem aprender a identificar e definir problemas, analisar informações, avaliar soluções e implementar ações para resolver os obstáculos de forma eficaz e criativa. Cada vez mais, a tecnologia e a inteligência artificial revelam que o pensamento crítico e sistêmico é o que diferencia o trabalho humano daquele feito pelas máquinas. Assim, o pensamento abstrato será cada vez mais demandado e valorizado: mais do que buscar informações, os estudantes devem saber como aplicá-las da melhor forma para oferecer ideias e soluções para os problemas que estão por vir. Outro ponto importante para a educação do futuro é que os estudantes tenham a habilidade de navegar por contextos diversos. Portanto, trabalhar a empatia e promover interações sociais que combatam atitudes excludentes e respeitem o diverso é uma das formas de encorajar a cooperação e o respeito: a educação deve trabalhar de forma a combater o racismo, a xenofobia, LGBTfobia, e qualquer tipo de discriminação. Trabalhar a cooperação e o respeito também é possível a partir da defesa de hábitos saudáveis, quer seja no cotidiano e na lógica de consumo ou na adoção de atitudes que sejam sustentáveis, pensando nos recursos naturais e no futuro do planeta. Nesse sentido, a educação irá ser construída na direção de pessoas que tenham responsabilidade por suas decisões e atitudes, que trabalhem de forma coletiva, em busca de um trabalho comum que beneficie o mundo.
Inteligência emocional
Outro fator fundamental que a educação do futuro deve trabalhar são os aspectos relacionados à forma que os sentimentos e as emoções são vivenciados. Saber lidar com as emoções pessoais e dos outros é algo que deve ser aperfeiçoado desde cedo. O primeiro passo que deve ser trabalhado nesse sentido é encorajar os alunos para que identifiquem e saibam descrever suas emoções e. assim, possam lidar com elas de forma saudável. O próximo passo será o de se colocar no lugar dos outros para entender os diferentes pontos de vista e poder respeitá-los: saber ouvir e valorizar os outros é uma característica importante para ser emocionalmente inteligente. Assim, os estudantes conseguirão estar abertos e preparados, sendo capazes de ter resiliência, isto é, a capacidade de lidar com situações difíceis, saber que o erro é algo que acontece muito, que é necessário ser criativo para encarar as mais diversas situações que encontrarão dentro e fora da escola.
E aí, todos animados com os próximos capítulos da humanidade? De maneira breve, pudemos explorar alguns aspectos que devem estar presentes na educação para o futuro. Vimos a relevância e a necessidade de que professores e alunos estejam preparados: estarmos informados e prontos para vivenciarmos as novidades é algo que contribui para o sucesso individual, coletivo e do planeta como um todo. Mais do que assistir aos Jetsons ou qualquer obra que fale dos anos que estão por vir, é hora de colocarmos as mãos na massa e fazer do presente um rico espaço de aprendizagem para o futuro!