O ensino bilíngue no Brasil virou uma febre. Há 36 anos surgia a primeira escola bilíngue e, em função da falta de pesquisa na época, muitas eram as dificuldades de quem se propunha a oferecê-lo, como escassez de pedagogos com fluência em Inglês e de metodologias a serem adotadas.
Hoje temos centenas de escolas que se dizem bilíngues. Porém, não basta aumentar a carga horária de inglês e fazer convênios com escolas de idiomas para ser uma escola bilíngue. Os alunos precisam se comunicar e aprender a pensar nas duas línguas, não é apenas uma questão de domínio gramatical.
Segundo a pesquisadora Selma Moura, não se faz uma escola bilíngue de qualidade sem um currículo bem estruturado e sem contar com a imersão de pelo menos duas horas diárias. É necessário que se envolvam pessoas que conheçam bem a prática do idioma, com a missão de levar o aprendizado contínuo que perpasse todos os níveis da escolarização de forma vivencial.
Segundo especialistas, a infância é o momento propício para se aprender um outro idioma, pois nessa fase o cérebro se desenvolve rapidamente e a inserção de estímulos ambientais aumenta as conexões neuronais, o que facilita o processo de proficiência.
Muito se fala nos benefícios que o ensino bilíngue pode trazer ao desenvolvimento infantil. Ellen Bialystok, professora e psicóloga canadense, especialista em bilinguismo, defende que os cérebros de pessoas bilíngues passam por melhorias no chamado “sistema executivo”, um conjunto de habilidades mentais com capacidade de bloquear informações irrelevantes. Tal vantagem seria a responsável pela habilidade de conseguir se concentrar melhor na gramática e ignorar o sentido das palavras e, também, de auxiliar na transição de uma tarefa a outra sem distrações ou confusões.
O bilinguismo na infância é uma oportunidade significativa com poder de influenciar o curso e a eficiência do desenvolvimento infantil, possibilitando que sejam capazes de trabalhar melhor em situações complexas. É necessário, no entanto, atentar para que a metodologia utilizada seja eficaz para que o efeito do aprendizado da língua seja duradouro e prazeroso. O bilinguismo não deve ser algo imposto, deve ser adquirido de forma natural e participativa.
Vale ressaltar que o processo de aquisição de uma segunda língua é mais consistente quando há parceria entre escolas e famílias, uma vez que, assim como se dá com a língua materna, a segunda língua é adquirida a partir de exposição e imersão. Neste sentido, a tecnologia é a grande aliada que os desbravadores da educação bilíngue de 40 anos atrás não se beneficiaram.
Estamos diante de uma oportunidade única de formar uma geração bilíngue de cidadãos do mundo. É tempo de interagir e aprender!